Qual o número de equipamentos instalados no conjunto dos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS) da rede pública do país? Quais são os estados de conservação e o uso destas tecnologias? Quais materiais são mais utilizados para manutenção das diversas tecnologias instaladas? Qual o tempo médio de indisponibilidade dos equipamentos, causada pela manutenção? Qual o custo de manutenção? Quais tipos de equipamentos consomem a maior parte dos recursos de manutenção? Que equipamentos apresentam melhor ou pior desempenho? Como os diversos EAS se comparam sob o ponto de vista do cuidado com a tecnologia disponível?
“Inúmeras outras questões como essas poderiam ser levantadas sem que fossem respondidas adequadamente pelos gestores de saúde, tanto no âmbito dos EAS, quanto da administração pública, nas esferas municipal, estadual ou federal – mesmo que parcialmente”, afirma o coordenador do Laboratório Nacional para Gerenciamento de
Tecnologia em Saúde (LNGTS), do Centro de Engenharia Biomética (CEB) da UNICAMP, José Wilson
Magalhães Bassani.
Felizmente, com o desenvolvimento de um software capaz de padronizar e controlar as ações de Engenharia Clínica em relação às tecnologias instaladas nos EAS, o vácuo causado pela ausência desse tipo de informação começou a ser preenchido.
“O software GETS (Gestão de Tecnologia em Saúde), financiado com recursos do Ministério da Saúde, permite a criação dos chamados Núcleos de Engenharia Clínica (NEC), que mantêm o controle do parque de equipamentos médico-hospitalares, acompanhando toda a vida desses equipamentos na unidade de saúde, incluindo processos de aquisição, peças, serviços, contratos, acompanhamento do trabalho das equipes de manutenção, tempo gasto nas atividades, custos, e tudo em tempo real”, explica Bassani, coordenador do projeto.
Ainda de acordo com o pesquisador, a dependência dos serviços de saúde em relação às diferentes tecnologias cresce a cada dia, e a medição dessa necessidade é peça chave nos processos de gestão em saúde. “A tecnologia usada na área de saúde desempenha papel fundamental na qualidade da assistência médica prestada aos pacientes, já que
permite que profissionais da área atuem de forma eficiente, segura e a custos menores, no entanto, só conseguimos controlar aquilo que conseguimos medir”, ressalta.
Como aderir ao Sistema CEB-GETS
Com apoio da Agência de Inovação (INOVA) da UNICAMP para a discussão, elaboração de contratos, e realização de ações cooperativas, e da Fundação de Desenvolvimento da Unicamp (FUNCAMP), na gestão de convênios, o sistema GETS está em constante evolução e, através do LNGTS-CEB está aberto a cooperações e parcerias para difusão e melhoramento da ferramenta.
Aos EAS públicos, interessados em aderir ao GETS e criar um NEC é necessária, apenas, a assinatura de um convênio de cooperação com a UNICAMP para a fase inicial de implantação geral da rede. “Feito isso, o EAS recebe licença gratuita para utilização do software, que é totalmente gerenciado pelo CEB, desde 2010”, explica Bassani.
As equipes dos NECs podem ser pequenas ou contar com número elevado de profissionais, terceirizados ou não. Em qualquer um desses casos, a equipe será orientada e treinada pelo CEB da UNICAMP quanto à montagem do NEC, instalação e uso do GETS.
Há, atualmente, no conjunto de hospitais com cadastro no GETS – entre os quais, o Hospital Municipal Dr. Mário Gatti, Hospital de Clínicas e Hospital “Prof. Dr. José Aristodemo Pinotti” – CAISM da UNICAMP, e o Hospital Antônio Pedro, de Niterói/ RJ – cerca de 20.000 equipamentos cadastrados e mais de 100 unidades de saúde.