Pesquisadores da Unicamp investigam como a aspersão deste spray em protetores faciais pode reduzir a transmissão e o contágio pelo SARs-CoV-2
O uso de nanopartículas de prata (AgNPs) como agente antimicrobiano vem sendo estudado amplamente e já resultou em diversos produtos para a agricultura e para a indústria médica e farmacêutica. Há disponível no mercado uma variedade de desinfetantes e produtos de higiene de uso tópico baseados nessa tecnologia e estudos apontam para uma possível aplicação dessas partículas na produção de agroquímicos com baixo impacto ecológico. Baseados nesse potencial antiviral das AgNPs, um grupo de pesquisadores do Instituto de Química da Unicamp (IQ) tem investigado a aplicação de um spray contendo essas partículas para frear a disseminação do SARs-CoV-2, vírus causador da COVID-19. As nanopartículas de prata são pequenos agregados deste elemento que podem ser sintetizados através de diferentes métodos químicos, físicos ou biológicos. As pesquisas sobre o uso antimicrobiano das AgNPs na Unicamp tem como principal foco o seu potencial anti-bactericida, porém estudos comprovaram que estas partículas também possuem aplicação contra vários tipos de vírus, incluindo os causadores da HIV, hepatite B e influenza. “Estamos usando as experiências de desenvolvimento de produtos antimicrobianos do grupo, que foram publicados no decorrer dos anos, e de produção de nanopartículas de prata usando métodos biológicos. Já obtivemos resultados positivos em testes com o vírus que mostraram uma promissora atividade virustática (inibição da replicação viral)”, contou a professora do Instituto de Química, Ljubica Tassic. A obtenção das partículas de prata é feita por meio de processos biológicos utilizando um componente presente na casca da laranja para desencadear a formação das AgNPs que são incorporadas à uma solução. A aspersão deste líquido nas viseiras de protetores faciais confere a eles capacidade antiviral: “As nanopartículas de prata agem destruindo a camada externa do Coronavírus, impedindo a sua disseminação”, esclarece a virologista Clarice Weis Arns, do Instituto de Biologia da Unicamp, que também participa dos estudos. A aplicação do spray nos protetores faciais implica na redução da transmissão do SARs-COv-2, uma vez que reduz significativamente o número de indivíduos aptos a ‘se reproduzir’. Tassic explica que uma das características que confere às AgNPs esse potencial de reduzir a quantidade de coronavírus é sua capacidade de se ligar a diversos componentes virais. Isso representa uma vantagem dos produtos a base de AgNPs em relação aos antivirais convencionais porque há uma possibilidade menor de que o vírus desenvolva resistência.